Maronil Martins, aposentado nascido em Lages, SC, é um artista surrealista brasileiro. Foi influenciado por tragédias, incêndios e acidentes q vivenciou como bombeiro militar e começou a fazer arte surreal. Fez várias exposições na Fundação Cultural de Lages, Circuito Cultural do SESC, entre outras. Escolhido pelos curadores do Tela Digital com o documentário curta audiovisual “Arte Surreal”, fazendo parte do acervo do TV Brasil. Ganhador da Medalha Cultural Salvador Dali do Rio de Janeiro.
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é só olhar pra ver que eu sou do sul.
ResponderExcluirbranquela. filha da colônia.
habita uma colônia. parte de uma colônia.
que no dicionário, colono é quem emigra para povoar e, ou, explorar uma terra estranha.
coloca estranha nessa terra.
veneno também.
do sul, esse ponto cardeal diretamente oposto ao norte.
mas não é de hemisfério, talvez seja do paradoxo em ser parte de outro sul que não o hemisfério.
falo de sul, localização regional brasileira.
o sul do brasil.
que não é um país. e que divido com outras 6.248.435 pessoas o espaço de vida no menor dos estados. entre paraná e rio grande do sul, coisa parecida.
quando digo “sou de lá de santa catarina” ouço “pêsames”.
pesado. um monumento de pedra. entre a responsabilidade e culpa. antes de nós mesmas.
engulo a água quente e verde do chimarrão enquanto vejo a tradição como arma apontada que não quer atirar.
a abundância da terra.
as festas típicas que comemoram a economia da colheita local. tipicamente fabricadas: dois três mascotes desproporcionais assusta-criança, uma rainha, duas princesas com reinado que dura o final de semana, ou o tempo da festa, sem qualquer poder efetivo. mulheres como artifício para atiçar a venda e representar a fertilidade do chão.
“esse produto aqui não precisa pagar imposto” ele dizia rindo e cuspindo pra plateia, com seu chapéu de caubói de araque, enquanto apertava o braço da rainha da cebola com um braço e com o outro apontava pra ela usando o indicador.
o frenesi da testosterona também move o orgulho de transformar floresta em campo de planta de um tipo só. a fantasia toda é formal no legislativo, tornando capital em capitais.
quando não há colheita de alguma monocoisa, há o capital simbólico. artimanha turística.
a nostalgia europeia. a melancolia que move todos esses anos na criação de adereços de todos os tipos para manter identidades alegóricas. os distúrbios comportamentais e sintomas somáticos provocados pelo afastamento do país natal, do seio da família e pelo anseio extremo de a eles retornar.
o anseio extremo de permanecer inventando lugar num interminável percurso de domínio.
tem osso de gente embaixo daquelas roça.
a gente não sabe de onde que vem o grupo de bugre que vende cesta no centro da cidade todo fim do ano. a gente não sabe?
e nem por que que a nossa nona chama de brasileiro aqueles que não são da nossa mesma cor. a gente não sabe?
e como foi que o nosso bisnono fundou a linha que toda a nossa familhage mora? essa onde os nossos tio tudo moram e fazem de rinha?
a gente não sabe?
vazio demográfico. o que ficou na prosa
com sotaque, já é suficiente.
a gente sabe.
sobrou espaço pra ítalo-romantismo,
pra perversão e punhetagem germânica
tudo em português, forçado também por lei.
não tem como disfarçar a fantasia cultural
maltrapilha com a qual todos aqui na vizinhança se vestem. e eu ainda me vejo vestida. tecida de captura. novo mundo criado. paredes perigando cair. fundação de pau a pique, pedra em cima de pedra, por cima. enterrando. massacrando. escondendo. dissipando.
morredouro constante como motor de invenção mambembe.
pensando aqui, lars von trier é sessão da tarde.
𝗗𝗜𝗥𝗘𝗧𝗔𝗠𝗘𝗡𝗧𝗘 𝗢𝗣𝗢𝗦𝗧𝗢 𝗔𝗢 𝗡𝗢𝗥𝗧𝗘.
exposição virtual de Gabi Bresola
Cecília Meireles
ResponderExcluirComo se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.
Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.
Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.
Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.
De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.
(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)
art"bertha wegmann"
ciências e afins.
ResponderExcluir2 d ·
O Último Show dos Beatles !!!
Os Beatles fizeram seu último show em 30 de Janeiro de 1969, realizado no terraço do prédio da gravadora Apple Corps, em Londres (Inglaterra), chamando a atenção de centenas de passantes que observavam tudo do asfalto ...
(Veja outras fotos nos comentários).
A performance - que na época rendeu muita confusão envolvendo até policiais que interromperam a apresentação.
30 de Janeiro de 1969: Essa data definitivamente é um dos marcos mais importantes na prolífica (e curta) carreira da banda britânica The Beatles.
Foi quando o quarteto formado por John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr subiu ao topo do prédio onde ficava a Apple Corps, empresa da própria banda que, entre outras coisas, era também uma gravadora.
Nesse dia os Beatles convidaram o tecladista Billy Preston e, completamente de surpresa, tocaram cinco canções, mais de uma vez, aparentemente como uma última tentativa de sentir prazer nas apresentações ao vivo para voltar aos palcos, já que a banda dava seus últimos passos e cada vez menos seus integrantes pareciam dispostos a continuar fazendo shows, mesmo que viessem a gravar o disco Abbey Road posteriormente.
The Beatles’ Rooftop Concert:
A ideia para o show no telhado da Apple tem vários donos e ninguém sabe ao certo quem foi que a definiu. Tem gente que diz que foi John Lennon, Ringo Starr já deu declarações dando a entender que foi algo coletivo e até mesmo o engenheiro de som Glyn Johns falou que a iniciativa veio dele.
De qualquer forma, o resultado deu muito certo e os Beatles não apenas pegaram todo mundo que passava pela rua de surpresa como também surpreenderam seus fãs ao redor do globo, já que de repente havia material inédito ao vivo em áudio e vídeo de uma forma que ninguém tinha feito antes.
Polícia:
É óbvio que uma apresentação de uma das maiores bandas do planeta iria chamar atenção, e mesmo que uma confusão propriamente dita não estivesse acontecendo nas ruas, a Polícia de Londres entendeu que o trânsito estava sendo prejudicado e o barulho era muito alto.
Sendo assim, entrou no prédio da Apple e chegou a ameaçar de prisão os funcionários que não liberaram o acesso em um primeiro momento.
Quando os policiais chegaram ao telhado, os Beatles tocaram por mais alguns minutos e eventualmente perceberam que seria hora de terminar. Ao final, John Lennon falou ao microfone:
:Eu gostaria de agradecer em nome do grupo e de todos nós e eu espero que tenha passado na audição".
Fim de Uma Era:
O show dos Beatles de 30 de Janeiro de 1969 foi o último da carreira da banda e é possível dizer que o quarteto se foi em grande estilo.
Não apenas causou impacto e entrou para a história mais uma vez com um show icônico que foi gravado em vídeo de boa qualidade e áudio no próprio estúdio da banda que ficava no prédio, a banda ainda pareceu estar muito à vontade fazendo aquilo ali.
Como é possível ver no vídeo oficial de “Don’t Let Me Down”, os integrantes estão soltos, rindo a todo momento, se olhando e percebendo como a ocasião era especial.
Fosse por finalmente se divertir mais uma vez com a parte ao vivo do negócio ou por saber que tudo estava chegando ao fim e um peso seria tirado das costas, os Beatles definitivamente encerraram a carreira com chave de ouro em uma apresentação de 42 minutos, 9 takes e 5 canções no Inverno inglês.
Grupo: Divulgação de fatos e conhecimentos: ciências e afins.
Tudo Sobre Hortolândia
ResponderExcluir1 de Abril às 09:00 ·
1. Evite fazer observações sarcásticas.
2. Se entrar em uma briga, bata primeiro e bata com força.
3. Nunca dê um aperto de mão sentado.
4. A inveja de um amigo é pior que o ódio de um inimigo.
5. Escute o que as pessoas têm a dizer.
Não interrompa; deixe-as falar.
6. Guarde segredos.
7. Não cultive medo por ninguém. Todo homem pode morrer.
8. Seja corajoso. Mesmo se não for, ao menos finja ser. Ninguém consegue perceber a diferença.
9. Cuidado com as pessoas que não tem nada a perder.
10. Escolha a companheira da sua vida com cuidado. A partir dessa decisão, virão 80% de toda a sua felicidade ou miséria.
11. Se a casa do seu vizinho está em chamas, a sua também está em perigo.
12. Nunca elogie a si mesmo; se houver elogios, que venham dos outros.
13. Seja um bom perdedor.
14. Não deseje colher frutos daquilo que nunca plantou.
15. Quando aflito: respire fundo e distancie-se.
16. Dê às pessoas uma segunda chance, mas nunca uma terceira.
17. Cuidado ao queimar pontes. Você nunca sabe quantas vezes precisará atravessar o mesmo rio.
18. Lembre-se de que 70% do sucesso em qualquer área se baseia na capacidade de lidar com pessoas.
19. Defenda os menores. Proteja os indefesos.
20. Assuma o controle da sua vida. Não deixe que outra pessoa faça escolhas por você.
21. Visite amigos e parentes quando estiverem no hospital; você só precisa ficar alguns minutos.
22. A maior riqueza é a saúde.
23. Pense duas vezes antes de sobrecarregar um amigo com um segredo.
24. Mantenha um bloco de anotações e um lápis em sua mesa de cabeceira. Ideias que valem milhões de reais surgem de madrugada.
25. Mostre respeito por todos que trabalham para viver. Não importa o quão simples seja a profissão.
26. Vista-se adequadamente aos padrões da época.
27. Elogie a refeição quando for hóspede na casa de alguém.
28. Não permita que o telefone interrompa momentos importantes.
29. A menos que ela seja da sua família, sempre cumprimente uma mulher comprometida com um leve aperto de mão.
30. Não demore onde não é bem recebido.
31. Todo mundo “gosta” de ver você crescer profissionalmente, até começar a superá-los.
32. Ouça os mais velhos.
RAUL ARRUDA FILHO.Clenio Souza.No início dos anos oitenta do século passado, éramos jovens e bebíamos como se não houvesse amanhã.
ResponderExcluirClênio era professor de desenho na Escola de Artes Eluza Bianchini. Sua namorada da época era tão temperamental quanto ele. Brigavam freqüentemente. Conflitos homéricos. Daqueles cheios de gritos, copos espatifados na parede e vizinhos se controlando para não chamar a polícia. No último round dessa série de batalhas não houve agressões físicas. Apenas cicatrizes emocionais. Dolorosas. Dessas que precisam ser carregadas pelo resto da vida. Discutiram sobre alguma bobagem e, para surpresa de todos, inclusive deles mesmos, resolveram se separar. Para sempre.
Nessa época eu estava estudando no período noturno. Colégio Diocesano, último ano do segundo grau. Vivia mais na rua do que em sala de aula. Bebia mais cerveja do que estudava.
Em uma dessas escapadas, provavelmente alguma aula chata, encontrei Jonas Malinverni. Ele estava assustado. Queria ajuda para encontrar Clênio. E me disse:
− Ele saiu lá da escola muito angustiado, disse que a vida não tinha mais sentido. Acho que ele está pensando em suicídio!
Não tive outra opção senão rir. Não lembro direito. Mas a chance de ter deixado escapar uma risada é grande. Puro nervosismo. Na época não imaginava que alguém pudesse cometer esse tipo de desatino aos vinte e poucos anos.
Entre voltar para a aula e procura pelo desaparecido, o que escolher? Entramos no boteco mais próximo e pedimos uma cerveja. Depois de ter pensado nessa intrigante encruzilhada uns dez segundos, talvez menos, resolvi acompanhar Jonas. Estivemos em todas as espeluncas que conhecíamos. E nada. O cara tinha desaparecido.
A última tentativa de localizar o fugitivo foi em um bar suspeito, mentira, confirmado antro de encontros furtivos e comércio sexual chamado "Cisne branco". E isso nos mostrou como a vida é irônica: ficava muito perto do Colégio Diocesano, onde eu estudava!
O ambiente (escuro, fumacento) era constituído por um corredor. As mesas encostadas na parede (nos dois lados) eram separadas por biombos, que garantiam a privacidade. As garçonetes eram gentis e generosas – sempre dispostas a acompanhar algum solitário no meio da noite. Naquele estabelecimento só trabalhavam mulheres, vigiadas pelo dono, que ficava lá no fundo, controlando tudo
RAUL ARRUDA FILHO,Clenio Souza.Para ser atendido, o cliente precisava acionar uma espécie de interruptor na parede, uma luz se acendia acima da mesa, chamando a garçonete.
ResponderExcluirFoi nesse inferninho que encontramos Clênio Souza. Desmaiado. O rosto enfiado em um prato. Um prato cheio de macarrão à bolonhesa. Tentamos salvá−lo do ridículo, erguendo a sua cabeça. Tudo o que conseguimos foi sujar as mãos de molho. Nojento. Mas, fazer o quê? Amigos são assim mesmo, encrencas que precisamos aceitar como se fossem brinquedos.
Depois de muito esforço, conseguimos arrastá−lo até o banheiro, onde providenciamos uma faxina básica no descornado, digo, no desacordado artista plástico. Também limpamos os seus bolsos, para ver se ele tinha dinheiro suficiente para pagar a conta. Felizmente, tinha. Arrastamos o bêbado de volta para a mesa, pedimos outra cerveja, por conta da vítima, e começamos a discutir sobre o que fazer.
Ao saber que ele estava morando com a irmã, lá na Vila Comboni, que é quase no fim do mundo, sugeri o óbvio: taxi. Lendário pão−duro, Jonas discordou. Disse que não tinha dinheiro. Quem não tinha dinheiro era eu, desempregado naquela época. Eu disse isso para ele, da forma mais inteligível possível. Não o convenci. Então, qual era a alternativa? Carregar o nosso amigo como se fosse um saco de batatas? Pois foi essa a proposta. E foi o que fizemos. Protestei muito − foi apenas para constar, porque não adiantou nada.
Abraçado em nós, um de cada lado, a vítima foi arrastada pelas ruas frias desta cidade gelada. Minha proposta era fazer umas cinqüenta paradas. De preferência em cinqüenta botecos. Mais uma vez, fui voto vencido. Inclusive porque Clênio estava retomando a consciência. E, com aquela voz enrolada de bêbado, disse que queria voltar para casa o mais rápido possível, não estava se sentindo bem. No meio desse discurso, vomitou. Várias vezes.
RAUL ARRUDA FILHO.Clenio Souza.Escolhemos o caminho mais rápido, não o mais fácil. Subir pela escadaria do Morro do Posto não foi muito inteligente. Primeiro, era íngreme. Segundo, a chance de ser assaltado era de cem por cento. Terceiro, havia a ameaça latente de encontrar a polícia no caminho – e talvez fosse mais seguro ser assaltado. Dizem que Deus protege os bêbados e as criancinhas. Dizem. Não sei em que categoria estávamos enquadrados. De qualquer maneira, foi com grande surpresa que conseguimos chegar ao destino de entrega sem o mínimo problema.
ResponderExcluirPróximos da casa de madeira, onde morava a irmã de Clênio, encontramos dois pequenos obstáculos: vários cachorros e uma valeta, que só podia ser transposta através de uma pequena ponte, dessas que são feitas com tábuas soltas, basta pisar em ponto que rompa o equilíbrio e a queda na água suja é garantida.
A solução foi gritar por ajuda, ou seja, acordar todo mundo, os parentes de Clênio e os vizinhos. Surpreendentemente, nenhum morador próximo abriu a janela, revolver na mão, querendo tomar satisfação daquela algazarra. Exceto a lâmpada que se acendeu dentro da casa, nenhum movimento foi percebido naquele momento. Instantes depois, alguém abriu a porta e perguntou o que queríamos. Apontando para o traste, contamos a nossa história. Provavelmente cansada de ver a repetição da pantomima sem graça que o irmão protagonizava, a irmã de Clênio nos permitiu a aproximação. Felizmente, os efeitos do porre estavam passando e o infeliz conseguiu atravessar sozinho a ponte de tábuas – amparado provavelmente cairia naquele esgoto.
Na porta da casa, pedimos desculpas à mulher por tê−la acordado, deixamos Clênio entrar e fomos embora – rapidamente. Só respiramos aliviados quando deixamos longe os cachorros, que pareciam ansiosos para tirar um pedaço de nossas pernas.
A volta foi tranqüila, a aragem da noite abençoando a nossa insensatez. No centro da cidade, me separei de Jonas. Continuei caminhando um pouco mais. Na época, eu morava ali perto do Pronto Socorro. Em casa, abri a geladeira e outra cerveja. Depois dormi umas dez horas.
Só voltei a ver Clênio Souza uma semana depois. Ele parecia não se lembrar de nada.
Raul Arruda Filho,........Bada e Jô12 de maio de 2011 às 12:31
ResponderExcluirAmigo Raul,
Quis postar comentário sobre Tio Clênio, mas errei e não consegui.
Acho que tô ficando velho e chorão, tipo Rogério Cabeção Pai.
Essa coisa de nostaliga deve ser uma doença. Uma doença abençoada que só ataca quem tem memória. Outro dia falava com a Jô (minha amada mulher linda) sobre Ki-ponto, Lanchick, Café Ouro, Skalabrin, Bazar Danúbio, Five o'clock, Kantu Jovem(da A Barateira), Cisne Branco, Bar Marrocos...
E quando lembro do Tio Clênio, do Cabeção meu pai, do Nereu Góss (Tio Nêra), o Dato, dá uma vontade louca de ir embora pra Passárgada - ou para o passado. Mas gosto de presente (menos na aula - trauma).
Daí lembramos de termos como "fora de pinga", "Pedro Bó" e aí vai.
Ser véin tem seus encantos. Haverá mais encantos no futuro. Mais lembranças. Mais motivos pra sentir saudades e chorar.
Abraço.
Bada.
Hoje eu tive um sonho, o sonho mais bonito que já sonhei em toda a minha vida!! Sonhei que todo mundo vivia preocupado, mas encontraram uma saída!!
ResponderExcluirExistem músicas que nos levam a Varios lugares, algumas ao passado outras ao futuro.
Assim como existem frases que nos impulsionam a pensar e acreditar que tudo é possível, que tudo pode ser mudado, que somos seres em constantes mudanças, e isso que é o verdadeiro aprendizado, mudar o que desejamos.
Momentos ruins passam assim como os bons, isso que está ocorrendo hoje amanhã será passado, acredite não existe dor que não mude e não existe sorriso que não se apague.
Então Bora Lá VIVER tudo que nos pertence, pois, cada segundo é só nosso e sendo nosso, ele só ocorre de alguma forma se permitimos, seja de Alegria ou de outra forma, você escolhe!! Boa Vida repleta de tudo que Merece!!
Pensamentos Soltos de Maa
ResponderExcluirExiste alguma forma de punir o mal? Mais do que um postulado filosófico, momento ideal para questionar conceitos e interpretações, essa pergunta encontra na literatura algumas respostas incômodas. Um exemplo é o conto O Carrinho, de Mariana Enriquez, que descreve um incidente estranho em uma área urbana – possivelmente na Argentina.
Um morador de rua, completamente bêbado, não consegue se controlar e defeca na calçada de um bairro pobre. Um dos moradores da região, igualmente alcoolizado, considera que houve desrespeito e vai tomar satisfação. Algumas pessoas ficam observando, rindo ou até incentivando a violência. Diante de um possível linchamento, a mãe da narradora intervém e consegue impedir um dano maior. O homem vai embora, mas é impedido de levar o carrinho de supermercado, onde armazenava papelão, latas, garrafas e outros itens recicláveis.
Mas antes de sair correndo em zigue-zague, fugindo de Juancho que o perseguia aos berros, olhou para mamãe com toda a lucidez e assentiu. Duas vezes. Disse mais alguma coisa, virando os olhos, abrangendo todo o quarteirão e além. Depois desapareceu na esquina.
O carrinho ficou esquecido em frente de uma casa abandonada. A chuva e o tempo fizeram com que o papelão desmanchasse, a comida que estava lá apodrecesse. Um cheiro ruim se instalou na região.
Em algum momento, uns quinze dias depois que o morador de rua foi espancado, começaram a ocorrer uma série de desgraças no bairro: assaltos, pessoas perderam os empregos ou morreram, carros foram roubados, as geladeiras do açougue queimaram, o mundo reconhecido como estável começa a desmoronar, Em dois meses, ninguém tinha telefone no bairro por falta de pagamento. Em três meses, tiveram que puxar energia direto do poste porque não podiam pagar a luz.
Poucos associaram uma coisa com outra. Exceto Juancho que, seja por paranoia ou porque precisava encontrar um culpado, colocou fogo no carrinho, alegando que o morador de rua era o responsável por tudo o que estava acontecendo.
O fato mais paradoxal dessa situação foi a imunidade da família da narradora. Na casa deles não faltava luz, telefone, internet, comida. Era como se estivessem vivendo em algum lugar distante da tragédia.
Mais do que uma metáfora sombria (próxima do terror) do que pode acontecer com aqueles que não reconhecem o outro como um irmão (aquele que não pode ou não conseguiu escolher um caminho melhor), o conto procura mostrar que existem forças no universo que não estão ao alcance da razão. Como consequência auxiliar, a narrativa adverte que, durante a catástrofe, os inocentes nunca estão a salvo. Não importa qual tenha sido a escolha no momento crítico, todos são arrastados pela avalanche.
Naquela mesma noite, papai nos reuniu na sala de jantar para conversar. Disse que tínhamos que ir embora. Que iam perceber que estávamos imunes. Que Mari, a vizinha do lado, estava um pouco desconfiada, porque era difícil esconder o cheiro de comida, apesar de termos o cuidado de vedar a porta para que a fumaça ou o aroma não passasse por debaixo. Que a nossa sorte ia acabar, que tudo estava indo por água abaixo. Mamãe concordava.
ENRIQUEZ, Mariana. O carrinho, in Os perigos de fumar na cama. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2023. p. 31-39. Tradução de Elisa Menezes.
Postado por Raul Arruda Filho às 08:48
Raul Arruda Filho
ResponderExcluir31 de outubro às 10:21 ·
Há um transtorno mental reconhecido, uma doença mental designada "síndrome de Jerusalém": as pessoas vão para Jerusalém, inalam o maravilhoso ar transparente da montanha e, em seguida, repentinamente, inflamam-se e põem fogo numa mesquita, numa igreja ou numa sinagoga. Ou, de outra forma, tiram as roupas, sobem numa pedra e começam a profetizar. Ninguém escuta, jamais. (OZ, Amós. "Contra o fanatismo". Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. p.16)