Maronil Martins, aposentado nascido em Lages, SC, é um artista surrealista brasileiro. Foi influenciado por tragédias, incêndios e acidentes q vivenciou como bombeiro militar e começou a fazer arte surreal. Fez várias exposições na Fundação Cultural de Lages, Circuito Cultural do SESC, entre outras. Escolhido pelos curadores do Tela Digital com o documentário curta audiovisual “Arte Surreal”, fazendo parte do acervo do TV Brasil. Ganhador da Medalha Cultural Salvador Dali do Rio de Janeiro.
"Os enigmas do universo só lentamente se revelam à nossa investigação. Existem questões às quais o homem, atualmente, não pode nos dar respostas, mas, o trabalho científico constitue o único caminho que pode nos levar a um verdadeiro conhecimento da realidade externa a nós".
Para aqueles que dizem: “mas vocês Bombeiros se aposentam novos demais." Só trabalham 30 anos. Isso tem que mudar para 35 anos no mínimo... só trabalham de 2 a 3 dias por semana... tem um bom salário, ainda dormem no quartel... Você não tem ideia das dores que carregamos... ou das memórias que nos assombram. Dormir no quartel? Sim, mas você já se deitou momentos depois de dizer a uma senhora que o filho que está deitado no chão do quarto depois de uma overdose está morto e que não tem mais nada a fazer querendo que ela soubesse que você fez tudo que era possível? ou quem de vocês assentou-se para uma refeição após ter retirado um corpo em decomposição de dentro de uma lagoa, de rio ou local de difícil acesso? De quantas vítimas em acidente de trânsito você já recolheu os pedaços pelo chão? Alguém já segurou em sua mão com lágrimas nos olhos te pedindo para ajudar e você fez tudo que podia e enfrentando o trânsito em alta velocidade até o Pronto Socorro chegado com sucesso? Quantas vítima de arma branca ou de fogo você subiu ao morro para socorrer, até mesmo sob ameaça dos seus algozes? Você já parou de jantar ao ouvir o toque do alarme e saiu debaixo de chuva para resgatar um cachorro caído em um ribeirão ou em uma madrugada fria para socorrer uma parturiente? Quantas vezes você ouviu uma vítima te perguntar cadê meu filho? E você responder ele está bem, mas na verdade ele está morto no meio das ferragens de um carro todo retorcido? Quantas vezes você segurou em teu braço um bebê com parada respiratória e seus pais chorando a clamar pela vida e você o devolveu respirando? Quantas vítimas de suicídio, pais, mães e filhos desesperados esperando você socorrê-los. Em quantas tragédias você já foi para resgatar vidas, combater incêndios, ou procurar alguém em um desabamento, soterramento ou retirar famílias ilhadas, motoristas dentro dos veículos em uma inundação? Sem contar os riscos que se for relatar todas as situações possíveis no teatro de operações não acabariam, mas todas ações a favor da vida? Então, da próxima vez que você pensar em olhar para um Bombeiro Militar ou Policial Militar não nos julgue pela nossa idade de aposentadoria. Mas respeite nossa história. "Se o meu sorriso fosse capaz de mostrar o fundo da minha alma, muitas pessoas ao me verem sorrir, chorariam comigo".
Ari Martendal 26 de junho às 19:19 · ----------------------------------VELHO NÃO RABUGENTO--------------------------- Pois, pois, a velhice chegou. De fato e objetivamente, um bode 'véio' e agora preso, dentro de casa, pela dita gripezinha do Tio Borsa. Mas, pelas ocorrências políticas, a cadeia ainda é uma possibilidade. Até porque não me calo. Minha condição psicológica de anarquista pode tornar o tempo instável. Desculpem. Não é sobre isso que quero falar, mas de uma coisa absolutamente estranha : meu corpo envelheceu, estou à beira dos 79 anos, mas minha cabeça continua voando buscando o novo, buscando horizontes ancoradouros e, decepcionado, vendo os pobres e miseráveis cada vez mais espezinhados... Aqui reside meu sofrimento. A política brasileira está a dever um montão de duplicatas para com a negritude (queridíssima), com os índios, com os fugitivos de suas pátrias e com a pobreza e miséria produzida pelo sistema... Esta é a dor maior ! Na qualidade de indivíduo preso dentro de casa, lembro de uma personagem do filme do "Doutor Givago" ( é assim mesmo nome dele ?) que, condenado ao exílio na Sibéria, gritava dentro do trem, amarrado em correntes: "O que eu penso, ninguém pode prender, essa é a minha liberdade intocável" . Assim sou eu , preso aqui em casa. Preso...umas pivicas ! Meu corpo não me acompanha, mas minha sensibilidade inteligente viaja longe, redescobre o mundo, avança com as novas informações, encorpa-se em conceitos novos e...dai acaba-se o velho ! Mas, tenho uma decepção muito grande: é com os caras mais novos de que eu, presos em preconceitos, maldizentes, safados com os outros e buscando apenas seus benefícios, incapazes de ler a história e capados na reprodução do novo. Coitados... Esses são os velhos
"Os enigmas do universo só lentamente se revelam à nossa investigação. Existem questões às quais o homem, atualmente, não pode nos dar respostas, mas, o trabalho científico constitue o
ResponderExcluirúnico caminho que pode nos levar a um verdadeiro conhecimento da realidade externa a nós".
Para aqueles que dizem:
ResponderExcluir“mas vocês Bombeiros se aposentam novos demais." Só trabalham 30 anos. Isso tem que mudar para 35 anos no mínimo... só trabalham de 2 a 3 dias por semana... tem um bom salário, ainda dormem no quartel...
Você não tem ideia das dores que carregamos... ou das memórias que nos assombram. Dormir no quartel? Sim, mas você já se deitou momentos depois de dizer a uma senhora que o filho que está deitado no chão do quarto depois de uma overdose está morto e que não tem mais nada a fazer querendo que ela soubesse que você fez tudo que era possível? ou quem de vocês assentou-se para uma refeição após ter retirado um corpo em decomposição de dentro de uma lagoa, de rio ou local de difícil acesso? De quantas vítimas em acidente de trânsito você já recolheu os pedaços pelo chão? Alguém já segurou em sua mão com lágrimas nos olhos te pedindo para ajudar e você fez tudo que podia e enfrentando o trânsito em alta velocidade até o Pronto Socorro chegado com sucesso? Quantas vítima de arma branca ou de fogo você subiu ao morro para socorrer, até mesmo sob ameaça dos seus algozes? Você já parou de jantar ao ouvir o toque do alarme e saiu debaixo de chuva para resgatar um cachorro caído em um ribeirão ou em uma madrugada fria para socorrer uma parturiente? Quantas vezes você ouviu uma vítima te perguntar cadê meu filho? E você responder ele está bem, mas na verdade ele está morto no meio das ferragens de um carro todo retorcido? Quantas vezes você segurou em teu braço um bebê com parada respiratória e seus pais chorando a clamar pela vida e você o devolveu respirando? Quantas vítimas de suicídio, pais, mães e filhos desesperados esperando você socorrê-los. Em quantas tragédias você já foi para resgatar vidas, combater incêndios, ou procurar alguém em um desabamento, soterramento ou retirar famílias ilhadas, motoristas dentro dos veículos em uma inundação? Sem contar os riscos que se for relatar todas as situações possíveis no teatro de operações não acabariam, mas todas ações a favor da vida? Então, da próxima vez que você pensar em olhar para um Bombeiro Militar ou Policial Militar não nos julgue pela nossa idade de aposentadoria. Mas respeite nossa história.
"Se o meu sorriso fosse capaz de mostrar o fundo da minha alma, muitas pessoas ao me verem sorrir, chorariam comigo".
Ari Martendal
ResponderExcluir26 de junho às 19:19 ·
----------------------------------VELHO NÃO RABUGENTO--------------------------- Pois, pois, a velhice chegou. De fato e objetivamente, um bode 'véio' e agora preso, dentro de casa, pela dita gripezinha do Tio Borsa. Mas, pelas ocorrências políticas, a cadeia ainda é uma possibilidade. Até porque não me calo. Minha condição psicológica de anarquista pode tornar o tempo instável. Desculpem. Não é sobre isso que quero falar, mas de uma coisa absolutamente estranha : meu corpo envelheceu, estou à beira dos 79 anos, mas minha cabeça continua voando buscando o novo, buscando horizontes ancoradouros e, decepcionado, vendo os pobres e miseráveis cada vez mais espezinhados... Aqui reside meu sofrimento. A política brasileira está a dever um montão de duplicatas para com a negritude (queridíssima), com os índios, com os fugitivos de suas pátrias e com a pobreza e miséria produzida pelo sistema... Esta é a dor maior ! Na qualidade de indivíduo preso dentro de casa, lembro de uma personagem do filme do "Doutor Givago" ( é assim mesmo nome dele ?) que, condenado ao exílio na Sibéria, gritava dentro do trem, amarrado em correntes: "O que eu penso, ninguém pode prender, essa é a minha liberdade intocável" . Assim sou eu , preso aqui em casa. Preso...umas pivicas ! Meu corpo não me acompanha, mas minha sensibilidade inteligente viaja longe, redescobre o mundo, avança com as novas informações, encorpa-se em conceitos novos e...dai acaba-se o velho ! Mas, tenho uma decepção muito grande: é com os caras mais novos de que eu, presos em preconceitos, maldizentes, safados com os outros e buscando apenas seus benefícios, incapazes de ler a história e capados na reprodução do novo. Coitados... Esses são os velhos